Dediquei-me aos estudos mais que ao amor, afinal o amor tal como é, foi o estudo que não compreendi; se a timidez talvez foi a corrente que me conteve; se agora aos minutos que restam de minha vida pudesse à prova por e pesar na balança pros contra deste meu legado, saberei que a massa maior é a dor do meu peito.
Se me amarrou à corda que me mantem suspenso no ar vejo que não sou nada para que basta sentimento se forem só vividas por um alguém apenas, o compartilhamento destes é o ar da alma, a água dos rios.
Não busco nesta carta retratar minha vida da qual não desfruta, pois fui usucapião do amor que me teve apossado do meu coração; agora, para tirá-la das terras de meu peito que morte me acompanha para a eternidade. Pois a morte, tal como vejo, é única a uma alma apenas, talvez serei mais feliz, pois como ela não necessitarei do compartilhamento com ninguém para que seja exclusivo, extraordinário e belo.
A partir de agora faço minhas despedidas do mundo que me acolheu com tão desprezo, das pessoas que não viram o quão sonhos eu tinha. Insensível eu era sim, foi pelo amor que renunciava.
Se pudesse voltar atrás e dizer o que deveria ter dito, talvez fosse mais feliz ou não, pois agora que
falei e sabes do que me afliges, mas destróis friamente.
Dos amigos verdadeiros são poucos, mas adeus, do meu corpo despeço-me com lágrimas, as quais nunca derramei por sentimento algum. Dos meus sonhos não lembro se quer de nenhum, mas aqueles que me vi amando, que durem para sempre!
Morro do amor que nunca me atendeu, agora me despeço do maior sentimento do mundo, se a tive foi diminuto, se não o tive foi minha falha, foi-se embora o amor que eu tinha por ela. Suicidei esta dor que ela não curou. Se morro por ti feliz para sempre seria, mas morri sem te ter, sem coração meu peito dói, vazio esperando as lágrimas que não me vêm.